quarta-feira, 11 de julho de 2012

Dom Eugênio de Araújo Sales: história e fé

             


       Dom Eugênio de Araújo Sales: história e fé


Na antiga Catuana, na cidade de Acari, aos 20 de novembro de 1920 nasceu Eugênio de Araújo Sales. Garoto esperto, curioso e caridoso, que logo teve de ser retirado da paisagem do sertão para a cidade de São José do Mipibu, local onde nasceram seus irmãos Silvio, Alaíde, Cleomar e Heitor, atualmente arcebispo emérito de Natal. Passando só dois anos na sua cidade natal.
Filho do Dr. Celso Dantas Sales, advogado e juiz e de D. Josefa de Araújo Sales, Eugênio faz parte de uma das famílias mais tradicionais do Seridó, a família Araújo. Proveniente do ramo genealógico de Manoel da Anunciação Lira, de Missão Velha, no Ceará e de D. Vitória Filgueira de Jesus, pernambucana de Vitória de Santo Antão.
O batizado de Eugênio de Araújo Sales foi celebrado na Matriz de nossa Senhora da Guia, em Acari, aos 28 de novembro de 1920, cerimônia oficializada pelo vigário Pe. João clemente de Morais Barreto. Seus padrinhos foram o Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros e d. Alice Godoy de Medeiros representados por procuração pelo Dr. Silvino Bezerra Neto e D. Maria e Sá Bezerra.
Eugênio foi crescendo e se moldando, sendo disciplinado por uma educação tradicional que impunha uma moral religiosa e conservadora. Assim, a disciplina foi controlando os impulsos e inclinações de Eugênio levando-o ao sacerdócio. Assim como o mesmo afirma: “(...) Quando estava ainda nos primeiros exames de ginásio, havia manifestado o desejo de ser sacerdote”.
Entrou no Seminário aos 17 anos sendo apresentado pela sua família. No dia 21 de novembro de 1943, foi ordenado sacerdote por D. Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas, arcebispo de Natal. Iniciou sua vida pastoral como vigário cooperador da Paróquia de Nova Cruz. Em 1944, foi para o Seminário de São Pedro, onde exerceu as seguintes funções: orientador espiritual, professor e ecônomo.
No ano de 1954, o Padre Eugenio foi sagrado bispo por D. José de Medeiros Delgado, em Natal, no Alecrim. Sua sagração episcopal foi no dia 15 de agosto, quando a Igreja celebra a Assunção de Nossa Senhora e o no mesmo dia, festa de Nossa Senhora da Guia, padroeira de Acari.
Com sua ação, como bispo auxiliar de Natal, Dom Eugênio vai tornando-se conhecido no Brasil e no mundo, logo sendo nomeado Administrador Apostólico de Natal, em 1962. Em 1964, é nomeado administrador Apostólico de São Salvador, na Bahia, tornando-se Arcebispo Primaz do Brasil em 1968. Em 1969 é nomeado cardeal pelo Papa Paulo VI, e, em 1971, foi transferido para Arquidiocese de São Sebastião, no Rio de Janeiro.
Dom Eugênio, em 1958, foi convocado com todos os bispos do mundo para compor as comissões que formaram o Concílio Vaticano II. Ainda participou da Conferência Geral de Bispos, em Medellín, como presidente do Secretariado de Ação Social do CELAM.
Dom Eugênio sempre deixou marcas de sua ação evangelizadora e social no Seridó ajudando na formação do clero local, abrigando seminaristas no Seminário São Pedro, no Rio de Janeiro durante 20 anos. Além disso, ajudou com outras instituições na construção do açude Logradouro, em Caicó.
A cidade de Acari sediou os grandes momentos da vida sacerdotal de dom Eugênio, onde o mesmo escolheu sua terra natal para suas primeiras celebrações solenes, como bispo e como cardeal. Ainda celebrou uma missa solene no dia 15 de agosto de 2004, por ocasião dos seus 50 anos de sagração episcopal na Matriz de Nossa Senhora da Guia.
Dom Eugênio de Araújo Sales, sinal de contradição para o mundo, canal abundante da graça de Deus. Eternas Saudades.

                                                                                                             Girlene Edson de Oliveira Amaro
                                                                                                                             Historiador

sábado, 26 de maio de 2012

A gênese dos sítios pré-históricos no município de Acari

O espaço geográfico hoje denominado de Seridó é espaço privilegiado pela grande variação de gravuras e pinturas rupestres deixada pelo homem pré-histórico que ora aqui habitava. No século XVII, quando o homem branco adentrou para o interior do estado expandindo seus rebanhos encontrou uma disparidade indígena muito grande. Alguns documentos relatam a presença de indígenas como os Janduí, Canindé e Pega que foram se extinguindo por ocasião da Guerra dos Bárbaros. Muitos índios sobreviveram a esse combate escondendo-se nos pés de serra da região, logo participaram das primeiras povoações junto com o homem branco.
A presença do homem pré-histórico no espaço geográfico que hoje ocupa o município de Acari há muito tempo é estudado. Um dos precursores nos estudos sobre a presença do homem pré-histórico na região do Seridó foi o Sr. José de Azevedo Dantas, natural de Carnaúba dos Dantas que percorreu os vários sítios arqueológicos pré-históricos do interior do estado do Rio Grande do Norte como também, do Seridó da Paraíba, nos anos 20.
O município de Acari apresenta aproximadamente sete sítios arqueológicos que se destacam pela presença marcante de pinturas rupestres, identificadas pelo arqueólogo autodidata José de Azevedo Dantas. Alguns sítios encontram-se nas proximidades de cursos d’água, como riachos, que encobrem durante o inverno as pinturas rupestres. Sítios como o Poço do Artur I e II, localizados à margem esquerda do rio Acauã, próximo ao Arroz; Malhada Vermelha; Grossos e Pinturas, nas localidades do mesmo nome, próximos a casas de fazendas de destaque no município; Tanques, na Barra do Rio Carnaúba, além da Furna da Onça, em Picos de Cima, são espaços que comprovam a presença do homem pré-histórico que deixaram representações das atividades do seu cotidiano.
Os sítios arqueológicos localizados no município de Acari se assinalam pelos seus simulacros antropomorfos, zoomorfos, fitomorfos e grafismos puros. Os grafismos situados no município de Acari, como no nordeste do país, pertencem à tradição Nordeste, que se distinguem da Agreste e da Itaquatiara, com uma classificação mais antiga. Para os arqueólogos os grafismos encontrados no Rio Grande do Norte e na Paraíba, registrados inicialmente por José de Azevedo Dantas, classificam-se como Sub-tradição Seridó. Essa tradição é rica por apresentar atividades direcionadas a sua sobrevivência, como rituais, mitos, sexo, caça etc.
Nos tempos atuais muitos estudos são desenvolvidos em torno dos sítios arqueológicos, sendo o Seridó percorrido no ano de 1966, pelo representante do IPHAN, Oswaldo Câmara de Souza, que percorreu as várias cidades do Seridó, inclusive Acari, reconhecendo os sítios arqueológicos pré-históricos. Assim, os sítios arqueológicos de Acari fazem parte do patrimônio cultural, sendo essa herança deixada pelos índios acerca de 9500 anos. Essa produção do homem pré-histórico proporciona o conhecimento e a formação da consciência do povo acariense.
                                                                                         
Autor: Girlene Edson de Oliveira Amaro.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Silêncio de Deus


 


Quando a voz de Deus cessa tudo parece neutro e sem vida. Parece que o silêncio incomoda o nosso ser, principalmente para os que ouvem com frequência a voz do Senhor. Pensamos que Deus se esqueceu de nós e não cuida mais. Esquecemos que até no silêncio Deus fala e guia-nos.
Certa vez, resolvi silenciar na presença de Jesus Eucarístico, não porque eu quisesse, pois fui movido pelas circunstâncias da vida. O silêncio dos meus lábios impulsionava o meu coração e os meus olhos a falar. Falar com uma linguagem que nem todas as pessoas compreendem a linguagem do coração. O meu coração expunha a Jesus tudo que eu estava sentido naquele momento, o meu olhar fixo e penetrante nos olhos de Jesus fazia com que saíssem lágrimas e lavassem a minha face chegando ao coração.
Naquele instante acontecia um encontro pessoal de amor entre a criatura e o seu Criador. Aquele que lia nas linhas do coração a essência da vida de um subjetivo ser. Tudo se acalmava, entrando em sintonia e equilibrando todo ser desequilibrado.  Podemos fazer aqui uma analogia à palavra de Deus quando Jesus penetrava o coração da mulher prostituída e tocava a sua alma devolvendo sua dignidade e lhe ensinando novamente a amar. No mesmo instante a mulher recuperou o sentido da vida e recobrou a dignidade redescobrindo o seu valor e o valor daquele que o reencontrara.
Assim, o silêncio de Deus torna-se sustento para revigorar as forças da alma e do coração. É no silencio que Deus se encontra conosco e nós nos encontramos com Ele. Um encontro atrativo e envolvente de duas pessoas que se amam, só que neste caso, um amor supera o outro e supri outras necessidades do corpo e da alma.
Muitas vezes nos utilizamos de figuras de linguagem para a comunicação e esquecemo-nos da linguagem do silêncio. O silêncio que fala e deixa ecoar no ar a voz que não quer calar.
Essa situação é muito visível quando algo nos desagrada e para não desagradarmos o outro silenciamos causando em nós um impacto revolucionário. Sabemos que algumas pessoas adoecem por não conseguir exprimir o que se sente ou o que se sabe chegando até a sofrer reações no seu sistema nervoso.
O silêncio de Deus às vezes incomoda e causa incertezas na alma e no coração. Em algumas situações da nossa vida quando Deus silencia ficamos logo agitados e inseguros, parece que Ele não nos escuta e se escuta esqueceu-se de nós. Situações que não entendemos e questionamos o porquê, Deus por nos amar com um amor incomparável quer nos corrigir para sermos melhores em todos os sentidos da nossa vida. Deus silencia esperando de nós mudança de vida e conversão.
Sabemos que temos muito a mudar, e sabemos que não vamos mudar sozinhos que precisamos do silêncio de Deus para nos corrigir. Ele é capaz!




Autor: Girlene Edson de Oliveira Amaro.